quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Arte Rupestre - Texto 4

Hoje desmascararei mais uma mentira contada há muito tempo. As pinturas rupestres, ditas como sendo gravuras feitas nas paredes de cavernas por razões ritualísticas, na verdade, não foram feitas por esse motivo. É, eu estava lá, e era viciado nisso durante algum tempo. Nada mais era do que o Orkut da pré-história.

Não é coisa da modernidade querer saber da vida alheia. Claro que, antigamente, era bem mais trabalhoso. Os scraps eram talhados na pedra e adicionar o perfil alheio era um trabalho hercúleo: “- Oi, posso te add?”. “- Claro, pinta aí teu perfil”. E já naquela época as pessoas se gabavam, pintando como se fosse grande coisa as suas conquistas. Enquanto hoje se tem a foto do Chevette, duas notas de 50 reais e um celular comprado no camelô, à época eram dois antílopes, uns rabiscos que representam luta entre rivais e pôneis alados que cospem fogo. (Tá, a última parte eu inventei).

E os emos? Coitados. Sim eles já existiam. Eram queimados junto com seus pertences, para dar sentido a sua agonia existencial. Ok, não era bem por isso que fazíamos isso, mas e daí? De fato, não éramos muito civilizados, embora quanto a esse aspecto específico a humanidade não tenha mudado muita coisa. Os pesquisadores estariam confusos se não tivéssemos apagado eles da história. Imagine representações emo pré-históricas... Ó Deus.

Não era só nas cavernas que havia tais pinturas. Chegou cedo à humanidade o problema de falta de moradia pra todo mundo. Obviamente não havia cavernas o suficiente, a menos que todas as montanhas fossem queijos suíços. Aliás, “Caverna para Todos” foi o nome dado para o primeiro programa social implementado no mundo, e o primeiro a falhar, como sói acontecer. Começamos a construir cabanas de gravetos e palha. Por sorte ainda não tinham inventado o Lobo Mau.

Nessas casas bagaceiramente construídas era onde a maior parte das pinturas ocorriam. A minha própria cabana era feita assim, na copa das árvores, pra evitar predadores noturnos e a terrível cobra que adentra a uretra e infla. Inclusive esse estilo criado por mim foi a primeira coisa que inventei a dar nome a algum lugar do mundo.

Mas voltando à arte rupestre ( a.k.a. “Orkut do Paleolítico Superior”), ela acabou sendo extinta com o passar do tempo. A novidade acabou, novas regras de privacidade foram implementadas (inventaram a porta), e a única graça foi sendo perdida gradualmente. Hoje vejo que a história é um ciclo, das mesmas coisas com novas formas. Ou de coisas diferentes com formas idênticas? Vou jogar cara ou coroa pra essa...

Fico imaginando como seria um futuro distante, quando os pesquisadores futuros encontrarem vestígios do nosso atual Orkut. Dirão que é um subterfúgio xamanístico com o intuito de aprisionar a alma das presas ali representadas graficamente... enfim... ciclos se repetem.

P.S.: Em 1778, fiz uma aposta com um amigo de que eu ainda utilizaria o verbo “soer”. Ganhei, como podem notar. Difícil vai ser fazer ele pagar...