quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Gênese - Texto 3

O mundo existe. Essa é uma das afirmações mais óbvias que podem ser feitas. Apesar disso, ninguém sabe como isso é possível. Ninguém sabe como essa bagaça começou.

Eu não estava lá, mas já ouvi quase todas as teorias criadas acerca do surgimento do universo. Infelizmente não posso lhes dizer qual delas é a que mais se aproxima da realidade, porque, de fato, nunca me preocupei muito com o assunto. Mas a teoria que mais me agrada é a de que Deus tinha uma gigantesca caixa misteriosa, cujo rótulo dizia: “LEGO Celestial. Após aberto consumir em até 6 dias”. Essa teoria explica inclusive o maior de todos os mistérios do universo: o ornitorrinco. O Dr. Divino tinha terminado a criação, mas sobraram algumas peças do LEGO Celestial, que não combinavam entre si para montar qualquer coisa. Mas, na criatividade suprema, Ele usou as peças rejeitadas e assim surgiu o mamífero ovíparo com bico de pato e ferrões.

Não entendo a necessidade que existe em tentar saber como tudo surgiu. Seria bem mais interessante utilizar essa energia dispensada para evitar que o mundo acabe. Gosto de citar como exemplo a recente fabricação do LHC (o acelerador de partículas construído na Europa). Com o intuito de tentar descobrir a origem do universo, há quem diga que acabarão o destruindo. Seria bastante irônico, apesar de que eu aposto que na hora ninguém iria achar muita graça. Imagino ainda o que farão com aquilo após terem encerrado as experiências. Vai ser o autorama mais legal do mundo (Hmm... Talvez esse seja o plano desde o princípio! Ninguém daria 8 bilhões para construírem um autorama... genial!).

Mas voltando ao ponto. Conhecer a gênese vai ajudar em nossas vidas? Eu nunca quis saber detalhes de como foi minha concepção. Aliás, proíbo que me digam (ou até mesmo questionem o assunto). A história da cegonha evita de modo bem mais eficaz qualquer tipo de imagem mental involuntária.

Isso me lembra que costumamos buscar em tempos pretéritos aquilo que devemos fazer agora. Se aprendêssemos com o passado, não nos preocuparíamos com guerras, nem teríamos crises financeiras globais, também não reelegeríamos os mesmos políticos de sempre, e muito menos veríamos as pessoas casando pela segunda vez. O passado não tem resposta. Lá estão as perguntas. As respostas que temos lá já foram absorvidas pelas nossas vidas de modo que nos parecem obviedades agora. Então, foco no futuro. Não que a gente deva esquecer do passado. Ele é importante para que se chegue no que somos hoje. Porém, se você gastar sua vida inteira buscando o passado com o intuito de poder planejar melhor o futuro, não terá tempo de ter um.

domingo, 19 de outubro de 2008

Buscando a luz - texto 2

Há algum tempo, eu andava durante a noite e tive minha atenção atraída por um holofote. Reparei que havia uma infinidade de insetos voando em direção à luz, se jogando contra ela desesperadamente. A partir de então uma série de pensamentos atravessaram minha mente.

Se tais insetos são noturnos, por que eles são atraídos pela luz? Isso não faz sentido pra mim. Se a luz lhes traz tanta alegria e contentamento, por que cargas d’água eles não vivem de dia? Eles não precisariam ficar se acotovelando (hm... ou seria melhor “asando”?) por um pouco de luz. Não seriam necessários vôos trôpegos em busca dela já que estaria em toda parte.

Mas essa rotina não é exclusiva desses invertebrados. E quanto aos humanos? Comumente têm noção daquilo que os deixariam realizados, mas trilham os caminhos mais distantes tentando os buscar, ao invés de simplesmente escolher a rota mais próxima do seu objetivo.

Inúmeros seriam os exemplos que eu poderia dar acerca de pessoas que buscam a luz onde ela está menos presente. Será inerente às pessoas a vontade de complicar? Buscar o que querem de maneira simples e objetiva raramente parece ser a opção escolhida. A própria sociedade ordena a vida de modo que dificilmente se possa andar em linha reta e ir até onde se deseja.

Pense nos fins antes de escolher os caminhos, e não tente mudar o objetivo de acordo com a rota tomada. Porque, no final das contas, estará buscando aquilo que te fará feliz no lugar onde ele talvez não esteja. Então aqui fica minha dica: ao invés de buscar a luz dos holofotes, viva de dia.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Princípio

Poucas pessoas sabem da minha existência. Não é por menos, já que eu não gosto muito de socializar. Nem sempre fui assim. Houve épocas em que eu era mais popular do que música ruim. O tempo passou para mim também, mas não como para todo o resto do mundo.

Sou mais velho que a matemática, portanto não sei que idade tenho. A propósito, essa é uma das primeiras perguntas feitas logo que alguém me conhece: “qual tua idade?”, que normalmente é seguida pela outra: “Por que Lord Abstrato?”. Estou aqui para responder todas as duvidas, incluindo aquelas que você não tem. Vi de perto a forja de todas as mentiras contadas até hoje no mundo, e trago comigo a verdade.

Começarei, então, minha longa história pelo básico. Antes do principio. Aliás, esta poderia ser a conclusão de tudo, mas eu gosto de lançar no princípio: Tudo é um jogo. A vida, seu trabalho, a política econômica, a piracema do pirarucu da mancha hexagonal, o ritual de acasalamento humano... todas as ações fazem parte de um jogo. O mundo é nada além de um conjunto de jogos. Jogos menores como engrenagens de jogos maiores. Deus nada é se não o pioneiro dos jogares.

Sei que falta originalidade nisso que acaba de ser dito, mas para muitos acaba sendo um espanto. Não me admiro, já que tem gente que se espanta ao descobrir que seu marido, que comprou um perfume novo no início do ano e passou a sair de casa perfumado todas as terças e quintas antes de ir para a academia, está lhe traindo. A verdade se esfrega no rosto, e as pessoas fecham os olhos com cócegas no nariz.

Sempre que for fazer algo, seja o que for, lembre-se: você é apenas mais um jogador fazendo seu papel nesse jogo, do qual quase ninguém conhece as regras. Aliás, a vida é assim. Um jogo de regras ocultas e objetivos desconhecidos. Por isso o caos universal. Para entender melhor o que digo, pegue um grupo de crianças de cerca de 9 anos de idade. Dê um pedaço de pau pra uma, uma flor para outra, um pônei para outra, uma submetralhadora de plástico para outra... e assim por diante. Diga que farão uma brincadeira, e quem ganhar será premiado. VALENDO!

No principio talvez estejam tímidas, inertes. A aparente ausência de regras as fará agir de modo beirando a aleatoriedade. Cada qual usando para beneficio próprio o item que lhe foi dado. Mas você, que organizou a brincadeira, fazendo papel de Deus, conhece as regras.

Você sabe quem foi classificado para a próxima etapa, e por quais motivos. Você sabe que, aquele que deu uma paulada no outro moleque e pegou o pônei, apesar de ter parecido um campeão no momento do fato, perdeu. São as regras. Mas os participantes não as conhecem. Estão tateando a escuridão buscando indícios do que devem fazer. E você é mau pacas por não ter explicado as regras antes do jogo. Mas assim é Deus, e assim é a vida. Ah sim... e é assim que você vive.

Portanto, aqui escreverei as verdades do mundo, assim como as regras do jogo. Aos poucos.